22 de setembro de 2013

Domingo.

por ..bee.. às 15:02 1 gritos de felicidade
E quando bate aquela melancolia de domingo de manhã?
Nada em especial, um dia bonito lá fora, calor. O cheiro de cigarro e o corpo ainda meio bêbado da noite anterior. O namorado deitado do lado e a lembrança da discussão antes de dormir. A confusão. A sensação de não se estar fazendo as coisas certas. Aquela boa e velha vontade de fugir.

As palavras dele ecoando, batendo na cabeça como um martelo. Remoendo. Pensando no que devia ter dito. Pensando se foi melhor não ter falado. Pensando se ele tem razão. Se sentindo confusa. Um bolero tocando no bar, embaixo do apartamento. Ela se sente em uma cena de filme - o que vem bem a calhar, já que essa semana falaram que ela parece a personagem principal de comédia romântica.
"Então talvez esse deva ser o momento do drama.", pensou. "Tá bom, e o que vem a seguir? Alguém pode me dar o roteiro?", implorou olhando para o alto como se O grande roteirista fosse responder. Em vão. O namorado acordara e a viu naquela situação, sentada no chão da varanda, de pijamas, com um cigarro não aceso na boca. Procurou um sinal de que a discussão na noite anterior tinha acabado ali. Em vão. Encontrou no namorado o silêncio. Aquele silêncio temido de quem ainda está bravo. Quis chorar. Se sentiu uma criança implorando por carinho, atenção, amor e quem sabe até um pouco de compreensão.

Ela nunca se viu como exemplo e agora ela é, quer ela queira, quer não. O namorado disse isso na noite anterior. Percebeu então a dimensão daquilo tudo e sentiu magoada por ele não enxergar o tamanho do amor que também há nela por aquela "criança".

A boa e velha melancolia de domingo. Aquele vazio de novo. Aquela sensação de acordar em uma vida que não é sua, assim, de repente. A vontade de ir ver o mar para tentar se entender. De repente, sua comédia romântica se transformou em um drama. Ela gosta de drama.
"Dramas também podem ser bons filmes", pensou. "Mas não necessariamente eles têm final feliz." e se assustou ao chegar a esta conclusão.




2 de setembro de 2013

"Vim te ver porque eu precisava lembrar de quem eu sou"

por ..bee.. às 00:46 0 gritos de felicidade

Uma frase qualquer perdida na cidade, vista da janela de um ônibus, em uma noite de domingo. Aquela noite de domingo em que ela estava triste. Aquela noite de domingo em que ela desejara ver outro cara que não era seu namorado e não tinha visto. Ela estava se perguntando porque faz isso, essa auto-sabotagem, quando tudo está indo bem. Ela ainda queria entender o porquê de querer vê-lo. Ela estava se odiando.

Suas amigas não a entendiam e se apenas ela mesma se entendesse, pudesse explicar que.. Explicar o que? Ela não o tinha visto. Eles estariam no mesmo lugar, mas então.. Não estiveram. E isso a deixou triste e ela gostaria tanto de entender o motivo que..

Sentia a necessidade de se achar bonita e sua confiança e autoestima foi construída em cima de outros. Testava alguns limites, flexionava-os, mas nunca os ultrapassava. Queria vê-lo porque queria saber como seria agora, 2 anos depois, com tudo diferente. Hoje ela se sentia mais segura de si, apesar de não mais certa do que deseja da vida. Dois anos a mais fazem diferença também: novo estilo, novo corte de cabelo, novo par de óculos. Mas não sabia explicar essa necessidade e no fim, nem precisou.

Leu a frase e soube que era para ela. Tão singular. Tão exposta no meio da cidade, mas ao mesmo tempo tão escondida que olhares distraídos jamais a perceberiam. E justamente neste domingo, no meio disso tudo que se passava em sua mente, seus olhos estavam atentos naquele milésimo de segundo. Seu rosto estava virado para o lado de fora da janela do ônibus e o sinal estava se abrindo, mas ainda assim, ela teve tempo o bastante para absorver a mensagem.

"Vim te ver porque eu precisava lembrar de quem eu sou"


9 de julho de 2013

Das raízes profundas das minhas cicatrizes.

por ..bee.. às 14:14 0 gritos de felicidade
É repentino, é do nada, é acidental mas às vezes as raízes das minhas cicatrizes vêm à tona e eu percebo que elas são bem mais profundas do que eu imaginava. É aquele velho amigo por perto e eu com a mesma insegurança de uma menininha de 13 anos. Aquela menininha, sabe? Aquela que nunca pertencerá ao grupo dele. Que ele vai aguentar por perto porque ela o faz se sentir bem, mas que ele vai ver "aquela outra guria lá" humilhando ela, e não vai fazer nada. E assim ele vai, partindo o coração dela mais uma vez, bem como foi, 10 anos atrás.

Ciúme besta. Raivinha boba. Tristeza, mas enfim a conformação. Aquela menininha nunca vai deixar de existir e aquele velho amigo, ele faz mal, tanto para a menininha quando para a mulher. Mas é um velho amigo e mesmo fazendo mal, faz bem, sabe? Masoquista. Por que mesmo depois de 10 anos eu ainda deixo ele fazer isso comigo? Porque é mal resolvida a história. Porque nunca houve confronto, porque o prelúdio de um confronto quase aconteceu e então o álcool estragou tudo. Quase. Meu Deus, há quanto tempo quase! Quase pertenceu, quase gostou, quase correspondeu, quase amor.

Chega! Sai desse grupo do Facebook, teu coração vai ficar mais calmo. É melhor mesmo... É melhor não ficar vendo o quanto você nunca pertenceu e assim, quem sabe quando aquele velho amigo aparecer de volta, se lembrar que você existe, tu consiga esquecer de novo.

Ai essas raízes.

14 de março de 2013

Como eu me tornei amiga do maior babaca da face da Terra*

por ..bee.. às 20:40 1 gritos de felicidade


Talvez eu nunca tenha mencionado isso aqui antes, mas.. eu sou amiga do Empresário hoje em dia. Sabe aquela pessoa que tem tudo para você nunca mais olhar na cara dela ou sequer lembrar o nome? Pois é.. Ele é desses. Me chamem de louca ou do que for, mas eu gosto de ter ele na minha vida.
Moramos na mesma cidade e somos amigos virtuais porque nunca nos vemos, mas conversamos quase todos os dias. Não somos nada parecidos e ainda assim pedimos conselhos um para o outro. E é uma amizade que eu não consigo entender, mas se eu parar para analisar, costumo ficar amiga dos meus ex.

Também nunca falei como nós nos conhecemos. É um caso bem ordinário desses da vida: amiga sua é amiga de um time de futebol americano, time de futebol americano sai para beber todo fim de semana e você sai junto... Você chega em casa bêbada e adiciona um dos meninos no msn, você vê o nome dele no msn no dia seguinte e fica sem graça de ter adicionado.. Até que um belo dia você está entediada na internet e ele é o único online no msn e vocês conversam! Tcharam! Ok, pode não ser uma história tão ordinária assim, mas a base de tudo foi a conversa. Já disse algumas vezes aqui que como boa geminiana, eu prezo um bom papo. E o papo com ele flui.

Insisto que não sei ao certo porque somos amigos, mas ele é uma pessoa que eu admiro e de quem eu gosto de ouvir opiniões. Eu brinco que nós somos Don Draper e Peggy Olson, de Mad Men, porque hoje em dia existe um respeito muito grande entre os dois e uma sintonia que eu diria inesperada. Ele me permite criticá-lo e eu o critico não pelo simples prazer de criticar. Acho que no fim das contas, nós somos amigos inesperados, mas eu gosto de tê-lo na minha vida porque ele é um dos poucos amigos que eu te tenho que é meu e só meu e de mais ninguém. Tá, ele tem outros 20 mil amigos e nós nos conhecemos porque ele era conhecido de uma amiga... Mas o que eu quero dizer é: eu mudei para o Rio e os meus amigos, que sempre foram meus e que eu conheci por mim, ficaram em Petrópolis... E os meus amigos daqui são os amigos que eu conheci na faculdade ou então são os amigos do Namorado. Adoro todos eles, mas.. Sabe quando você sente falta de ter uma coisa sua só por você? Tipo quando você começa a fazer aulas de dança do ventre... Ele é meu amigo particular, pessoal e intransferível, que eu conquistei por mim e ninguém mais.

E amigos tem dessas coisas: nós gostamos mesmo às vezes não sabendo o motivo. E nós não deixamos de ter a certeza de que ele é o maior babaca da face da Terra e nem deixamos passar toda e qualquer oportunidade de jogar isso na cara dele, mas ainda assim, escolhemos nos concentrar nas qualidades.

Pensando bem, acho que de agora em diante, quando eu for falar dele aqui ele será O Babaca. rs.

*título devidamente alterado por solicitação do próprio.

26 de janeiro de 2013

onde está você agora?

por ..bee.. às 17:09 1 gritos de felicidade
O ano começou e junto com ele uma onda de reflexão involuntária sobre a vida. A minha vida. As minhas escolhas, os meus caminhos, as minhas vontades... Eu estou hoje onde eu achei que estaria quando tivesse 25 anos? Eu sou quem eu sempre quis ser? E quanto mais eu pensava sobre mim, mas eu percebia que era um sentimento geral das pessoas que estão ao meu redor, de 20 e poucos (ou 20 e muitos no meu caso) anos. Existe um vazio, um descontentamento, uma falta de vontade e ainda uma sensação de que já se viveu de tudo, já se fez de tudo.. De que sempre saímos para os mesmos lugares e conhecemos as mesmas pessoas.. De que estamos nos repetindo, cometendo os mesmos erros de novo e de novo e de novo, mas ainda assim achando que eles são novos.

Eu estou me repetindo desde que eu tinha 13 anos de idade. Eu sou a mesma garotinha, só com mais responsabilidades agora. Mas eu continuo me apaixonando pelo mesmo cara, toda vez. O mesmo galanteador, a mesma voz macia.. a mesma mania de se estar certo o tempo inteiro. O mesmo tipo, a mesma personalidade, mas em corpos diferentes, em situações outras. E constatar isso foi um momento de brainstorm, ilhada em um bar por conta dessas chuvas/temporais no Rio de Janeiro. E foi estranho. Foi uma grande revelação e ainda assim, era uma coisa óbvia, que estava ali o tempo inteiro e eu só não queria ver.

E desta vez eu tive uma reação diferente das que eu costumo ter: nada de crise. Nada de choro compulsivo, de questionamentos infindáveis sobre o que eu estou fazendo da minha vida, nada de crise. Sim, eu estou me repetindo e gostaria muito de entender o motivo de isso acontecer, mas não é algo para eu me desesperar. "Me repetir faz parte de eu ser quem eu sou", me veio a mente, "como eu escolho encarar isso, aí sim, eu vou entender o quanto eu cresci ou não". E está sendo bom para mim: aceitar os meus erros, os meus vícios de vivência, as minhas manias.. E viver assim com eles, tendo certeza que eles fazem eu ser mais eu mesma cada vez. Parece estranho?

Um exemplo bobo: tinha pintado meu cabelo de loiro. Resolvi que queria ser loira em um momento de tédio e pronto. Comprei a tinta na farmácia, apliquei e é isso: virei uma loira de caixinha. Foram três meses. Três meses de loirice, aguentando as piadas, o horror da família, a cara feia do namorado.. Mas eu estava me divertindo. E então ontem a noite, o mesmo "raio" me atingiu com uma força aterrorizante: essa não sou eu! E eu quis gritar: Socorroo!!! Me tirem daqui!! E com a mesma impulsividade e simplicidade que eu virei loira, voltei a ser morena. E pronto: lá estava eu. E como é bom esse reencontro consigo mesma! Só me fez perceber uma coisa: às vezes se perder faz parte da jornada para se encontrar.
 

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