28 de março de 2011

a vida é uma espiral, afinal...

por ..bee.. às 21:07 1 gritos de felicidade
Uma vez, para um trabalho de música na faculdade, eu desenhei uma espiral. A intenção do professor era mostrar como é difícil traduzir uma forma de arte em outra. Como passar para palavras uma pintura? Como passar para um desenho uma música? Como traduzir a maneira que aquilo te toca, te envolve, te emociona?

A música que eu escolhi foi Insensatez, do Tom Jobim. E depois de ouvir incessantemente a mesma música, percebi que ela me passava uma sensação de retorno, de voltar-de para si mesmo, mas ainda assim ir adiante de alguma maneira. Não desenhei um círculo porque ele não tem fim nem começo, logo, não retorna a lugar algum... Nem mesmo sai do lugar. Um círculo é amarrado, fechado. Preso. Uma espiral não. A espiral tem a ilusão de liberdade. Ela vai mais volta. E volta porque quer. E quando volta já não é mais a mesma, e então ela vai de novo. Num ciclo sem fim.

Ultimamente tenho pensado muito a minha vida como a espiral, um eterno retorno. Por mais que eu tente quebrar padrões, algumas coisas sempre voltam. Valores, pessoas, cheiros, gostos... Voltam para me lembrar as minhas dores que eu queria esquecer, mas mais ainda pra me mostrar que eu sou forte, que já passei por isso antes e sobrevivi, mesmo achando que não conseguiria.

É um retorno a si mesmo mas com experiência... Não se deixa a bagagem para trás ou as lições que se aprendeu. É mais interessante, é o que os sábios fazem para não enlouquecer... É a lembrança e o empurrão para seguir em frente. É a certeza de que aconteceu, que marcou, e por isso mesmo a lembrança ficou.


5 de março de 2011

reencontros

por ..bee.. às 01:28 0 gritos de felicidade

Às vezes eu me surpreendo com a capacidade da minha memória de guardar coisas inúteis! Quando eu era mais nova, assistia a um seriado chamado Related. Era a história de quatro irmãs que já eram adultas (a mais nova tinha acabado de entrar para a faculdade) e tinham perdido a mãe há pouco tempo e estavam aprendendo a lidar com isso; ao mesmo tempo em que seus problemas pessoais e o relacionamento do pai com uma nova mulher as unia. Uma espécie de Sex & the City entre família.

Me identificava com o seriado pelo fato de a minha família ser composta basicamente de mulheres (mulheres incríveis, diga-se de passagem!), e quando resolvemos nos juntar para colocar o papo em dia são sempre gerações diferentes cheias de histórias para contar, experiência para partilhar e opinião para dar. Bastante terapêutico, até.

Em um episódio da série, Marjee, a irmã louca, termina com um namorado e vai atrás de um ex para se recuperar. Eles transam e ela vai embora. E quando ela conta para as irmãs ela diz: "Ele é o meu cara da recuperação. Sempre que eu termino com alguém eu fico com ele e ele sabe disso.". E por mais que pareça uma ideia louca, isso me fez pensar. Quantas vezes não temos uma recaída por um ex assim que terminamos com alguém? Seja pelo que o ex representa, seja pela carência, seja pela proximidade...


Tive um reencontro com o passado essa semana. Foi aniversário do Hippie. E por mais que eu saiba tudo o que acontece cada vez que ele está de volta na minha vida, não pude impedir o reencontro. A vontade. E fiquei me perguntando se talvez ele não seja o meu cara da recuperação. Aquele a quem eu recorro quando a carência bate porque eu sei que é bom, que é familiar, que é confortável... Pelo menos no começo. O meu grande problema é que eu perco o limite tênue entre "o cara da recuperação" e o cara com que eu quero ficar; porque eu me apego muito fácil, por mais que eu odeie isso.

Foi um reencontro de uma noite e eu fico dizendo a mim mesma que foi SÓ isso. Mas enquanto meu cérebro tenta se convencer, meu coração já está há mil passos na frente, enfiando os pés pelas mãos. Nunca é SÓ isso com o Hippie e eu já devia saber disso.

 

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