16 de dezembro de 2009

Meu coração eu deixei naquela promessa

por ..bee.. às 19:30 1 gritos de felicidade
Quem nunca teve o coração estilhaçado que atire a primeira pedra! Estilhaçado sim, porque vai muito além do quebrado: são mais de mil pedaços espalhado por aí. Demora muito mais até conseguir juntar tudo de novo...

Um episódio ocorrido na Bahia que eu ainda não comentei aqui foi a promessa que eu fiz pro hippie... E a promessa que ele me fez de volta.

Estávamos dentro do ônibus ainda, quase chegando em Salvador. A animação e ansiedade era tanta que ficamos em pé, no corredor do ônibus, cantando musiquinhas idiotas. Foi então que o hippie passou por mim, colocou a mão na minha cintura e sussurrou no meu ouvido: "depois precisamos conversar". Como eu sou paranóica, fiquei inquieta! Lógico que fingindo calma, e me controlando para mostrar que eu tinha achado super normal essa atitude dele.

Pouco tempo depois, sentamos em dois lugares vazios, não juntos mas perto. Foi então que eu o peguei olhando para mim. Perguntei o que tinha acontecido e ele sorriu. Pediu para eu trocar de lugar e sentar do lado dele. Ele disse que estava preocupado comigo, que era o meu primeiro ENEARTE e que ele queria que eu me divertisse. Foi fofo. Confesso que notei certo brilho no olhar dele que eu já tinha reparado, mas até então achava que era besteira minha, e tentava ignorar. Conversamos. Percebi que era a hora da verdade, e que por mais que eu estivesse com medo, eu não tinha nada a perder. Disse que eu estava assustada e como medo pelo tanto que eu gostava dele. Olho no olho. Mãos tremendo. Pausa para responder. Ele me abraçou de novo. Só o que eu queria saber era se eu estava lendo ele errado, só o que eu queria saber era se ele gostava de mim.

Ele segurou a minha mão e ficou fazendo carinho. Disse que sim, abaixou a cabeça e depois me olhou com aqueles olhos castanhos lindos e reafirmou: "eu gosto de você". Me deu um beijo. Me senti em um filme, uma comédia romântica água com açúcar. Ele disse que não queria me ver triste porque isso também o deixava triste. Olho no olho o tempo inteiro.

E foi então que ele me pediu para prometer algo para ele. Grunhi um "humm" meio desconfiada, ele fez cara de sério. "Promete que não fica com nenhum cara que eu conheço?" Sorri. Fiz que sim com a cabeça. Fiquei encantada com o pedido: para mim era a certeza de que ele realmente se importava comigo. "Prometo!". Outro beijo, como se estivesse selando a promessa. "Mas assim você me dá o direito de te pedir alguma coisa também... Promete que não fica com nenhuma menina da faculdade?" e eu disse isso séria, olhando bem fundo nos olhos dele. Ele prometeu. Prometemos também que conversaríamos quando voltássemos ao Rio, independente do que acontecesse lá.

Analisando friamente a situação agora, acredito que o meu erro foi a importância que eu dei a essa promessa. Para mim, era como se ele tivesse assumido um compromisso comigo (o que não deixa de ser, na verdade). Mas era mais... Era a garantia de que ficaríamos juntos depois de tudo, porque eu estava disposta a tentar. Porque eu acreditava mesmo que dessa vez ia dar certo. Eu coloquei o meu coração nessa promessa...

Nem o hippie e nem eu cumprimos a promessa. Tentei ao máximo, mas no final, depois da escorregada dele, meu coração estava tão estilhaçado que eu desisti, que eu aceitei o "não era para ser". Ouvi todas as vozes da minha consciência recobrando o juízo e me dizendo: "você não devia ter baixado a guarda". Chorei baixinho à noite, para ninguém ouvir. Lamentei a minha sorte.

Verdade seja dita, meu coração estilhaçou em tantos cacos, que eu ainda estou tentando catá-los. Às vezes um dos cacos tem vontade própria e se encanta com alguém, afinal de contas ele ainda é um pedacinho de coração. Às vezes um dos cacos acha que pode ser um coração todo sozinho. E outras vezes as pessoas acabam achando um desses cacos e alguns resolvem ficar com ele, outros me devolvem. Meu coração ainda está em todas as partes, mas em cacos. O meu coração mesmo eu deixei naquela promessa.

6 de dezembro de 2009

O Ator e a traição

por ..bee.. às 22:34 2 gritos de felicidade
Conheci o Ator na Bahia. Na verdade, um pouco antes, em um chat já mencionado aqui antes. Quando nos conhecemos, eu o achei metido, e então quase não ficamos perto um do outro o resto da viagem. Quando eu voltei, rolou uma conversa para "lavar roupa suja", e logo descobri que ele também me achou metida. Conversamos de novo há pouco tempo atrás, e por ironia do destinho, acabamos afogando as nossas mágoas um com o outro.

Acontece que o Ator tinha uma namorada e a traiu. Como todo homem, usou aquela boa e velha desculpa de que "a carne é fraca", tentou se justificar e não escondeu o erro. Achei legal ele ter feito isso. A namorada não; e virou ex. E então eu fiquei pensando o que eu faria se fosse comigo.

Desde pequenas somos doutrinadas a não trair e nem aceitar traição. Porque traição é ruim, é a maior vilã dos relacionamentos. Mas o que doi mais: a mentira ou a quebra de confiança?

Para mim é e sempre vai ser a mentira. Nada substitui a confiança quebrada, concordo, mas se o cara faz que nem o Ator e conta a verdade? Se ele admite um passo em falso, por que não perdoar?

Não estou defendendo a traição, estou apenas compartilhando um ponto de vista que eu sempre tive. Cada um sabe onde lhe aperta o calo, mas eu acho que perdoaria pelo simples fato de achar que vontades e desejos vêm e vão; o amor não. Resitir a um desejo pode ser prova de amor para uns, mas não para mim; eu passaria o resto da minha vida me perguntando o que poderia ter acontecido, e pensando na minha "tentação".

Sempre achei que sobreviver a uma traição, a um simples desejo, era prova de amor maior. Pode parecer confuso, ou filosofia de "mulher perfeita" dos anos 50, mas essas coisas acontecem e no fim das contas, ele (a) voltou para você, ele (a) te contou a verdade. Isso significa que ele (a) se importa com você, assim como o Ator se importava com a namorada.

Ninguém é perfeito e as tentações estão soltas pelo mundo, cabe a cada um saber como encará-las. Existem pessoas que simplesmente não nasceram para ser monogâmicas, mas isso não significa que elas não sabem o que é amar.
 

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