16 de agosto de 2009

O vernissage, o hippie e o amor livre

por ..bee.. às 20:04
Uma das manias remanescente da minha época de "menininha que lê Capricho" é a de escrever em agenda. É um ritual: todo ano comprar uma agenda nova para anotar compromissos e a usar de diário, afinal de contas eu pretendo escrever um livro! Tenho que ter um lugar para anotar os acontecimentos ordinários da minha vida. Não. Não vejo o meu blog assim. Quando as coisas vêm para o blog, elas já vêm em formato de reflexão e não em formato expositivo.

Esta semana eu estava atualizando a minha agenda e tive vários "flashbacks" (não escrevia na agenda desde fevereiro!)... Um deles foi a minha breve história com o meu hippie e um acontecimento em especial: o vernissage.

No mundo da arte, o vernissage é o acontecimento pop onde as pessoas vão para verem e serem vistas. Neste dia, o trabalho do artista é o que menos importa e as oportunidades de bons contatos são ótimas! Quando é de um professor-celebridade da faculdade então, a faculdade inteirinha aparece para dar um "oi". E foi justamente assim o meu primeiro vernissage.
Já estava ficando com o hippie há um tempinho e liguei para ele convidando-o para ir. Seria um oportunidade única, quase um "red carpet moment": eu estaria com um vestido bonito, maquiagem, cabelo arrumado. Seria perfeito! Porém, ele não respondeu se iria ou não... Disse que teria aula, mas que talvez passasse por lá quando a aula acabasse. Confesso que isso foi um balde de água fria, mas resolvi desencanar porque sabia que ele tem o costume de decidir essas coisas em cima da hora mesmo.

Fui para a casa de uma amiga me arrumar e amiga que é amiga sabe como te ajudar né? (I S2 U) Depois que nós estávamos pronta, essa minha amiga mandou uma mensagem para o celular de um amigo do hippie dizendo que eu estava muito gata e que se o hippie não fosse ele ia me perder. Sabe aquele dia em que você está simplesmente se sentindo linda? Eu realmente estava me sentindo radiante! Perfeita até...

Chegamos no local do vernissage e começamos a circular, fazer uma social, ver o trabalho das artistas, pegar o primeiro copo de cervejinha para fazer um brinde... E descobrimos que tinha outro vernissage acontecendo ao mesmo tempo em outra parte do espaço. Fomos lá também, conhecer os outros trabalhos. No meio do caminho, meus olhos encontraram um par de olhos mais azuis impossíveis... Ficamos um tempo nos encarando até que uma amiga me chamou e eu acabei os perdendo. Comentei com ela do belo exemplar masculino que tinha visto e ela concordou. E logo começou o climinha de azaração. O moço passava, eu encarava, ele encarava, eu passava... E nada! Descobrimos então que ele era gringo. Falo inglês, mas fiquei tímida de "chegar" em um gringo. E foi então que alguém me falou que o hippie tinha chegado. Mas ele estava na outra parte, vendo o trabalho das nossas professoras. Estávamos quase voltando para esta outra parte quando eu vi o gringo sozinho no bar. Falei com as meninas que ia pegar mais cerveja e debandei em direção ao bar. Chegando lá, pedi cerveja e para o meu espanto, o garçom me disse que a cerveja tinha acabado. Fiz cara de triste, soltei um "como assim" para o garçom e ele disse para eu ir para o bar de baixo que lá ainda tinha. Quando eu estava saindo do bar, uma mão pega o meu copo e o enche de cerveja... Era o gringo... Falei um obrigada, sorri e ficou um silêncio constrangedor. Começamos um papo em inglês e logo depois passamos para o português. O gringo? Era francês! Além dos olhos azuis, tinha o cabelo curto loiro, barba por fazer... Ele deu a ideia de irmos para o bar de baixo, pegar mais cerveja... e eu fui com ele. Conversamos, nos entendemos, e acabamos ficando. Porém eu expliquei para ele que estava acompanhada naquele dia e que deveria voltar para ficar com esta pessoa. Ele sorriu, entendeu a situação e pegou o meu telefone.

Quando eu fui falar com as meninas, elas me falaram que o hippie estava no bar de cima e que elas achavam que ele tinha me visto com o francês. Fiquei preocupada, mas depois do discurso "amor livre" que o hippie tinha dado em um almoço daquela mesma semana, concluí que ele não tinha o direito de me cobrar nada. Ainda assim, fui atrás dele. Percebi a cara de emburrado. Perguntei se estava tudo bem, e ele disse que estava com dor de cabeça. Abracei ele, dei beijinhos disse que ia passar... Fui carinhosinha e ele também. Nenhum sinal de fim do mundo. Ficamos juntos o resto da noite, e um pouco antes de eu ir embora tentei conversar sobre o assunto "amor livre" e ele disse que conversaríamos no dia seguinte.

E até hoje o hippie continua com essa história de "amor livre". Conversamos no dia seguinte, e ele me disse que não tinha ficado chateado comigo... Mas também só me disse que me viu conversando com o francês. E eu não sei como isso o afetou. Esse é o problema do hippie: tem horas que eu acho que ele se esconde nessa máscara de "amor livre" para não precisar se envolver com ninguém.

Afinal de contas: até onde vai o "amor livre"? Na minha cabeça de mulher, se você está ficando direto com alguém é porque existe no mínimo um apego; e se existe um apego, essa coisa toda de "amor livre" não é mais válida porque é fato: o ciúmes (ou no mínimo o sentimento de posse) existe! E é por isso que sempre que o hippie reaparece na minha vida eu tenho medo (e ele sempre reaparece como quem não quer nada e dá um jeitinho de mexer comigo)... Medo porque eu me envolvo e ele sabe disso... Medo porque eu sei que eu não tenho chance contra o "amor livre"... Medo que por mais que eu goste de ser livre, com ele eu queria ser livre juntos.

1 gritos de felicidade:

Leite on segunda-feira, 17 agosto, 2009 disse...

eu acho que alguém precisa dar um novo sentido de "amor livre" à esse hippie! pra mim amor livre é você estar livre para você poder amar e se entregar a quem você quiser, mas nisso não está intriseco não poder se amarrar, criar laços e se importar com alguém. E a partir do momento que você se importa, ao saber que aquela pessoa pode ficar magoada em te ver com outra, você nçao o faz, não por estar preso, mas por ter tido a liberdade de escolher alguém especial pra se importar e que se importe igualmente com você, em relação a tudo, principalmente em fazer não se sentir só.. e alguém já andou dizendo por aí: é imporssível ser feiz sozinho.

 

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