9 de novembro de 2010

De Salvador, com amor!

por ..bee.. às 22:30
Uma das conquistas femininas mais importantes do século XX foi, sem dúvida alguma, o direito pelo nosso próprio corpo. A revolução sexual e o anticoncepcional mudaram a história, nos dando maior confiança e consciência do nosso próprio corpo. No entanto, ainda hoje, muitas mulheres não sentem essa liberdade toda devido à forma como foram criadas: mulheres têm que ser recatadas! Mulher escandalosa, consciente do corpo é mulher da vida, piriguete e afins. E ultimamente, eu percebi que alguns problemas que eu tenho em relação a minha imagem estão atrelados a estes conceitos.

Das muitas coisas boas que eu troxe de Salvador ano passado (lembranças, peguete, bijuterias...), uma das melhores foi sem dúvida alguma a consciência do meu corpo. Ir para Salvador foi uma coisa inquestionável para mim: estava desde janeiro falando que iria, para já convencer mãe e namorado de que eu não mudaria de ideia e que isso não era "fogo de palha". Por sorte (ou não), em março o namorado virou ex e não era mais um obstáculo: agora só faltava minha mãe. Uma semana, sozinha em Salvador, acampando para um encontro de estudantes de artes. Eu não sabia o que esperar, como sobreviver ou nem sequer o que colocar na mala! Eu só sabia que eu IA.

Chegando lá, depois do choque inicial da situação, comecei a me questionar como eu iria sobreviver àquela semana: pessoas desconhecidas, com os hábitos mais diversos e diferentes dos meus, sotaques, estilos, opções... Lembrei de um outdoor e fiz dele meu lema: Sorria! Você está na Bahia! E depois da primeira festa, resolvi me permitir e vivenciar essa experiência única na minha vida! E foi aí que eu ganhei consciência de mim. Me vi sozinha em meio a uma multidão que ainda assim me enxergava, onde eu podia ser eu mesma, sem precisar me esconder. E a sensação de liberdade que isso me trouxe foi incrível. E irreversível: tive meu Woodstock particular. Acordava, sentava na frente da barraca alheia e ficava fazendo preguiça até todo mundo acordar. Ia dormir com a barraca aberta devido ao calor e a música rolando lá embaixo. Andava pelo acampamento e não faltavam convites para se juntar a alguém cantando uma musica, fazendo uma brincadeira e até mesmo indo ao Pelourinho e visitando a cidade.

Conheci pessoas incríveis, com vivências outras que a minha, mas que estavam ali querendo conhecer pessoas, trocar ideias, experiências. E no meio de todas essas novas experiências, cada vez mais meu corpo se libertava da timidez, até que o inevitável aconteceu: o banho no contêiner. Entrar naquele espaço, tirar a roupa e tomar banho. Na frente de amigas, de desconhecidas, sem me preocupar se estavam reparando em mim, se eu estava em forma. Simplesmente tomar banho. Sim, isso foi libertador.

Quando eu digo que Salvador mudou a minha vida e a minha relação com o meu corpo, é por isso. Não que eu tenha o corpo perfeito, não que eu não queira perder peso, ou diminuir uma área ou outra. Mas eu sei o corpo que eu tenho e não tenho vergonha dele. Foi quando eu realmente tomei consciência de mim, como ser humano, como estudante, como membro de uma comunidade, como mulher... Foi a primeira vez que eu fui livre! E a liberdade pode ser bastante viciante, experimenta!

3 gritos de felicidade:

Cris Medeiros on quinta-feira, 11 novembro, 2010 disse...

Que bom que teve essa experiência de libertação. Acho que todas as mulheres deveriam passar por isso e parar com esse parâmetro de piriguete e mulher certinha. Isso não existe, ou melhor, existe nas cabeças machistas e só mudará no dia que as mulheres não aceitarem mais esses rótulos.

Eu tive minha experiência de libertação ainda muito nova. Depois disso deixei que me colocassem o rótulo que quisessem, piriguete, vadia, etc... rs

Beijocas

Unknown on quinta-feira, 11 novembro, 2010 disse...

É verdade, algumas experiências nos dão muita confiança e acabam com nosso medo de ser nós mesmo para o mundo.

Vê Guimarães on sexta-feira, 12 novembro, 2010 disse...

E viva a liberdade! Aproveite muito porque realmente vicia!

 

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