6 de outubro de 2010

Doce Setembro

por ..bee.. às 22:43
Hoje eu estava assistindo "Doce Novembro" pela milésima vez e me dei conta do poder incrível dos filmes! Na verdade, de todas as formas de arte. Ou pelo menos daqueles que dependem da sensibilidade alheia. Acontece que a nossa percepção em relação aos filmes especificamente muda de acordo com a nossa vivência e nossas experiências. Acho que tudo em nossa vida devia ser assim... Acredito que as pessoas sábias e experientes já entenderam isso e vivem assim. Quem sabe?

Como eu disse, já tinha assistido "Doce Novembro" umas dez mil vezes! Mas nunca tive a percepção que eu tive dessa vez, nunca o interpretei dessa maneira; apesar de ter encontrado interpretações diferentes em cada uma das outras vezes. Chorei horrores todas as vezes, confesso. Quando estava no começo de namoro com o Ex, costumávamos discutir sobre a decisão da Sara: eu era a favor, ele contra. Eu a entendia! Mais do que isso, eu me identificava com ela. Imaginava que se eu tivesse câncer, não ia querer o homem que eu amo ao meu lado, me vendo definhar. Ia querer que ele lembrasse de mim nos nossos momentos bons e felizes. E então, quando eu terminei o namoro, desejava um final feliz para os dois, um "para sempre juntos", assim como eu também queria o mesmo final feliz para a minha história. E tive também meus momentos de solidão nos quais comprei a ideia de viver com um desconhecido ou um peguete por um mês e um mês apenas, e mudar a vida dele e deixar a minha ser mudada. O que eu nunca tinha percebido sobre o filme é que, além de ser uma história de amor, é uma história contemporânea, sobre o mundo em que vivemos... O filme é um relato sobre o tempo e o que fazemos com o tempo que nos é dado.

Em tempos onde time is money (tempo é dinheiro) é lei, tempo é a única coisa que a Sara pede para o Nelson. Tempo é a única coisa que nos custa imensamente dar (sem trocadilhos com o valor monetário, juro!). No entanto, tempo é a única coisa que vale à pena, que transcede, que é maior. Eles tiveram um mês juntos. "Novembro é tudo o que eu sei, novembro é tudo o que eu sempre quis.", Nelson declara. E o que faz esse tempo ser tão importante é a intensidade com a qual ele foi vivido. É o que faz com que um mês seja eterno, atemporal, inesquecível. Sim, eu sei que é uma história fictícia, mas na ficção esses personagens são reais, e esses personagens tiveram isso. Eles viveram em um mês o que muita gente sonha uma vida inteira em viver.

No fim das contas, "Doce Novembro" é sobre isso: fazer o tempo ser atemporal. A Sara teve um mês inteiro. Novembro. Eu tive uma semana. Uma semana de um doce setembro. Uma semana atemporal, eterna e inesquecível. Onde o tempo era o que menos importava, e por isso mesmo, tínhamos todo o tempo do mundo!

1 gritos de felicidade:

Unknown on sexta-feira, 22 outubro, 2010 disse...

Como disse Drumond: "Amor é privilégio de maduros", o tempo nos ensina a aproveita-lo.

 

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